quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sinopse Mocidade Unida do Santa Marta 2015


O dia em que o povo tomar a rua será carnaval


A cidade, com seus rios de asfalto margeados por pedras portuguesas e ladeiras com paralelepípedos arrepiados, chama o povo. Povo, ouça a voz das ruas! Sem regras e sem compromisso, deixe a rua te levar na desordem embriagadora da folia dos blocos. Estamos em fevereiro, carnaval chegou, e a cidade-mulher está ainda mais irresistível! Sedutora, em cada canto, em cada bairro, em cada curva da orla há um bloco e uma maneira de ser feliz. Uma boa dose de cerveja, um chinelo novo pra gastar e uma fantasia, nem que seja improvisada, não podem faltar. O trabalho nesses dias fica de lado, pois o patrão é o pandeiro, que bota o povo pra sambar.
Na Avenida Rio Branco, entre casarões antigos e arranha-céus, entre o Rio do passado e o do presente, o Cordão da Bola Preta arrasta a multidão. Se entregue ao cortejo esfuziante do cordão, marcando o passo no compasso das marchinhas imortais tocadas pela banda tradicional. Cada folião em si é um bloco, “eu sozinho”, e somados todos, sambando, cantando, pulando e brincando, fazem o carnaval. Pegue a roupa emprestada com a sua mulher, arranque a cortina pra fazer uma saia e venha vadiar no cordão. Experimente a sensação da liberdade de ser o que você quiser, o que você é ou o que você não é. Escolha seu lado na batalha acirrada entre o Cacique de Ramos e o Bafo da Onça. De penacho na cabeça, esqueça a dor da vida e caia no samba com as cabrochas do Bafo.
Na Praça Mauá seja escravo da folia que leva a alegria da cidade ao porto. Na Praça XV é o Cordão do Boitatá que toca fogo, mata a cobra e mostra o pau. E que tal brincar de ser freira em Santa Tereza? Não tem convento que segure! Só não vá perder o bonde; no bloco das Carmelitas, carnaval é religião. E se gastar todo o sapato, Querubim, brinque descalço, com pés no céu e com o Céu na Terra. Erudito ou não, basta voar até o Aterro para curtir uma orquestra pra lá de encantadora.
Na Zona Sul, entre a montanha, o mar, e o sol do quentíssimo verão carioca, Simpatia é quase Amor. A musa do surf e da Bossa Nova veste-se de Carmen Miranda, de cara pintada e fruta na cabeça se joga na Banda de Ipanema. Já a Princesinha do Mar quer apenas ser uma das Mulheres de Chico. No Jardim Botânico as bênçãos vêm do mestre Tom Jobim e (do Suvaco?!) do Cristo.
Povo da Imprensa, que cobre o fato e caça o furo, fique atento: a folia vai dar jornal. E se o registro vale um filme, cuidado no desenrolo: em beijo de cinema todo mundo presta atenção! Mas o carnaval das ruas é democrático, tem de tudo, até rock ‘n’ roll, pra todo mundo ficar maluco beleza. Até D. Pedro no alto do monumento jura que é Napoleão. E o Sargento Pimenta, imagine, não tem nada de careta, psicodélico que só! Tem também espaço para os pequenos no Gigantes da Lira, pinte o seu nariz e brinque com a criançada.
Tendo a Lagoa como cenário, os foliões de Botafogo se encontram no "Spanta Neném" e então, no "Pela Saco", comemoram extasiados mais uma folia inesquecível. É hora de subir o Morro da Alegria, que tanto nos orgulha. Ali a bateria já se prepara para ganhar a cidade, dando seus primeiros batuques. É a Mocidade Unida do Santa Marta, de estandarte azul e branco estrelado, campeã! Vai contar na Avenida, garbosa, o dia em que o povo tomou as ruas... e fez seu carnaval!

Rafael Gonçalves e Vitor Saraiva - carnavalescos

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Escola Virtual da Amazônia 2013

01: Comissão de Frente: A Invenção da Batucada
Coreógrafa Eraci Oliveira
A EVA indicia seu desfile com o nascimento do samba, na Bahia, terra do poeta, e no Rio de Janeiro, o lugar que Assis escolheu para viver. Nossos brincantes representam uma gente que "era triste e amargurada", mas "inventou a batucada pra deixar de padecer", um ritmo que traduz o seu prazer e a sua dor. Os homens batucam em seus tambores enquanto as baianas giram suas saias rodadas.

02: Carro 01 – Em 1940, lá no morro...
A data não importa, nem o lugar, mas em um morro, nessa cidade maravilhosa de São Sebastião, vive uma gente entre a dor e a alegria, criada pela infinita imaginação do poeta. Esses personagens inspirados nos tipos da cidade ganharam vida própria e estão prontos para nesse carnaval homenagear o seu criador, Assis Valente.
Personagens: Assis Valente, “Maria Boa”, Moreno que fez bobagem, Moreno frajola (“Good-bye, boy”), Mulher dançando um samba em traje de maiô, Moça pobre obediente (“Recenseamento”) e Moleques soltando pipas.
Destaque esquerdo: O samba do morro
Destaque direito: Esquentai vossos pandeiros!

03: Ala 01 – O fuzileiro na Comissão de Frente
Na canção “Recenseamento”, o moreno da moça entrevistada pelo agente recenseador é fuzileiro e sai com a bandeira do seu batalhão. Aqui, na escola de samba do morro, ele vem na comissão de frente.

04: Ala 02 – A moça pobre de baiana

Ainda na música “Recenseamento”, a mulher do morro que é entrevistada pelo agente recenseador, nos dias de folia rodopia na ala das baianas da escola de samba.

05: Ala 03 – O moreno que fez bobagem e a outra de mestre-sala e porta-bandeira
Na composição “Fez Bobagem”, uma mulher lamenta que o seu “moreno” levou outra mulher para o seu barraco, que usou seu peignoir e suas sandálias. No carnaval, a pulada de cerca é confirmada quando os dois saem de mestre-sala e porta-bandeira na escola do morro.

06: Ala 04 – Dançando um samba em traje de maiô
“O mundo não se acabou” fala da mulher que pensou que o mundo ia acabar e, pensando em aproveitar a vida, fez coisas que não devia. Já que ela já tinha dançado um samba em traje de maiô, porque não exibir suas curvas vestindo um maiô no carnaval?

07: Musa internacional – Susete Pompadour – Tem francesa na escola de samba
A gringa de “Tem francesa no morro” não podia ficar de fora do desfile da escola de samba.

08: Carro 02 – A hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor!
É carnaval, a hora em que a gente bronzeada mostra o seu valor! Todo o povo do morro desce para a cidade. Neste ano, a escola de samba do morro homenageia seu poeta criador, Assis Valente. A rua decorada tal qual nos antigos carnavais é o cenário perfeito para a bateria comandar a festa.
Personagens: Ritmistas da bateria
Composições: As cores da rua
Destaque central baixo – Carolina Gambine: Estrela da rua
Destaque Central alto – Ray: Céu colorido

09: Ala 05 – Infância difícil na Bahia
Assis nasceu em 1911 no estado da Bahia, em local incerto, entre Peteoba e Bom Jardim ou em Santo Amaro da Purificação ou no Campo da Pólvora, Salvador ou em Bonfim. Foi sequestrado ainda criança e criado por uma família que o obrigava a trabalhar como um condenado durante a semana e a fazer a feira aos sábados. O menino levava as compras em um enorme cesto sobre a cabeça.

10: Ala 06 – Artista de picadeiro
Quando um circo passou pela sua cidade, o jovem poeta aproveitou a oportunidade e pulou no picadeiro. Passou a vagar com o circo declamando suas próprias trovas ou versos de grandes poetas.

11: Ala 07 – Protético no samba
Em Salvador, Assis Valente fez um curso de prótese dentária e quando veio para o Rio de Janeiro em 1927, consegui emprego como protético.

12: Musa adolescente – Jéssica Trindade – O traço do artista
A musa representa as belas e sensuais figuras femininas que o artista desenhava.


13: Grupo de Adereços – Traços sinuosos
No clima da Revista Shimmy, belas mulheres levam adereços que mostras as curvas femininas sobre o papel.

14: Tripé 01 – Traços musicais
Assis fez curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios em Salvador e no Rio de Janeiro publicou desenhos na Shimmy, revista maliciosa e atrevida. O elemento alegórico une os dois talentos artísticos de Assis Valente e mescla aos traços em tinta preta com as notas musicais.

15: Ala 08 – Ala das Crianças – Boas Festas
“E assim felicidade/ Eu pensei que fosse uma/ Brincadeira de papel...” Triste marcha natalina composta em 1932, revela a solidão, o medo e a ilusão da criança que espera a felicidade de presente do Papai Noel. Essa situação expressava o sentimento de abandono do próprio poeta.

16: 2º Casal: Acorda, São João!
O 2º Casal representa o universo das festas juninas, cantado na música “Acorda, São João”, de 1934.

17: Ala 09 – Cai, cai, balão!
“Cai, cai, balão!/ Você não deve de subir/ Quem sobe muito/ Cai depressa sem sentir...” Na marchinha junina gravada em 1933, por Aurora Miranda e Francisco Alves, Assis usa a imagem do balão para falar da fragilidade do sucesso e das relações amorosas.

18: Ala 10 – Boneca de Pano
“Um dia alguém a chamou de boneca/ E ela sendo mulher, acreditou”. Sucesso em 1950, gravado pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa, o samba fala da mulher da boemia que acaba definhando em um cabaré qualquer.

19: Carro 03 – Cantando, fingindo alegria
“Esperando a felicidade/ Para ver se eu vou melhorar/ Vou cantando, fingindo alegria/ Para a humanidade/ Não me ver chorar”. A alegoria remete ao ambiente de glamour das rádios e casas de show dos anos 1930 e 1940, auge do sucesso de Assis Valente. De um lado, um Assis alegre ouve as suas canções no rádio, interpretadas pelos grandes nomes da música. Do outro lado, um Assis melancólico, como disse no samba “Alegria” de 1937, fingia alegria.
Destaque: A Era do Rádio
Composições: Vedetes
Composições: Ondas do Rádio
Personagens: Bando da Lua, Carmen Miranda, Aurora Miranda, Carlos Galhardo, Francisco Alves e Orlando Silva.


20: Ala 11 – Uva de Caminhão
“Já me disseram que você andou pintando o sete/ Andou chupando muita uva/ E até de caminhão”. Música divertida gravada em 1939 por Carmen Miranda. O figurino da ala remete aos figurinos da Pequena Notável.

21: Ala 12 – Camisa Listrada
Um dos maiores sucessos de Assis Valente, o samba-choro “Camisa Listrada” foi gravado por Carmen Miranda em 1937 e animou muitos foliões no carnaval. A letra debochada dá voz a uma mulher que reprime o fato de o marido sair no carnaval fantasiado de mulher, usando as suas roupas. “Agora que a batucada já vai começando / não deixo e não consinto meu querido debochar de mim / Porque se ele pega as minhas coisas vai dar o que falar...”.

22: Ala 13 – Recenseamento
Composta em 1940 e gravada por Carmen Miranda, comentava o censo geral do Brasil determinado pelo presidente Getúlio Vargas.“Em 1940/ lá no morro começaram o recenseamento/ E o agente recenseador/ esmiuçou a minha vida/ que foi um horror.”


23: Ala 14 – Ala das Baianas – Carmen Miranda
Carmen Miranda foi a principal intérprete das músicas de Assis. Ele se encantou pela cantora e os dois tornaram-se amigos. As baianas trazem a exuberância tropical do estilo de Carmen com as bananas, marca da Pequena Notável que fez sucesso no exterior.

24: Adereços: Frutas de Carmen Miranda
Em seus figurinos exagerados, Carmen frequentemente usava frutas na cabeça. Aqui, os adereços formam um cenário colorido para a ala das baianas.

254: Velha-Guarda – Carmen Miranda e o Bando da Lua
A Velha-guarda da EVA representa Carmen Miranda e o Bando da Lua, grupo musical que acompanhou a cantora em diversos trabalhos e gravou algumas músicas de Assis.

26:  Ala 15 – Good-bye, Boy
Com o cinema falado, o meio artístico brasileiro passou a ser bastante influenciado pela língua e pelo modo de viver norte-americano. Na canção “Good-bye, Boy”, gravada por Carmen Miranda em 1942, Assis brinca com o moreno do morro que insiste falar termos em inglês. “Não é mais boa-noite/ Nem bom-dia/ Só se fala good-morning, good-night/ Já se desprezou o lampião de querosene/ Lá no morro só se usa luz da Light". Nesse figurino, as listras remetem tanto à camisa de malandro quanto à bandeira norte-americana.

27: Ala 16 – Passistas – A magia do teatro de revista
Assis Valente viu Carmen Miranda pela primeira vez cantando em um teatro do Rio de Janeiro e ficou encantado. Os passistas representam o glamour do teatro de revista, que tanto seduziu Assis.

28: 1º Casal: O sucesso de Carmen Miranda na terra do Tio Sam
A Pequena Notável viajava para os Estados Unidos e gravou diversos filmes de sucesso. A porta-bandeira representa a exportação da música brasileira e o mestre-sala personifica os Estados Unidos.

29: Guardiões do casal: Cenário de Cinema
Bananeiras servem de cenário para a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira assim como nas produções cinematográficas com estreladas pela Pequena Notável.

30: Rainha de Bateria - A brasilidade que encantou o Tio Sam
Com as cores do Brasil, a nossa rainha representa o encantamento do Tio Sam pelas coisas brasileiras.

31: Grupo Performático - Leonardo Bora, Gabriel Haddad e Vítor Saraiva – Anjos do Inferno
O grupo musical “Anjos do Inferno” gravou em 1941 o samba “Brasil Pandeiro” que Carmen Miranda se recusou a cantar.

32: Ala 17 – Bateria – O Tio Sam tocando pandeiro para o mundo sambar
“O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada”. No samba de Assis Valente, o Tio Sam, que dá as ordens no mundo, se rende à música brasileira. Na bateria centenas de tios Sam ditam o ritmo e botam todo o mundo para sambar.

33: Ala 18 – O tempero da baiana
Na música “Brasil Pandeiro”, além do samba, o Tio Sam se rende também à culinária brasileira. “... Anda dizendo que o molho da baiana/ Melhorou seu prato/ Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará”.

34: Adereços: Acarajé
Os adereços representam os acarajés, delícias da culinária brasileira, feitos belas baianas.

35: Carro 04 – Batucada na Casa Branca
A musicalidade brasileira, representada pelo samba, fazia sucesso no exterior com a política da boa vizinhança. Foi com esse universo que Assis brincou na música “Brasil Pandeiro”. Na alegoria, o Tio Sam toca pandeiro em meio a quitutes baianos e frutas tropicais.
Destaque – Bárbara Oliveira: Cores do Brasil
Composições: Baianas com frutas
Composições: Baianas com acarajé

36. Ala 19 – Salvo pelo Redentor
Em 1941, no auge de sua carreira, Assis Valente se jogou do alto do Corcovado. Milagrosamente, ficou preso a uma árvore e conseguiu se salvar. Por causa dos seus problemas familiares e dívidas, o músico tentou suicídio algumas vezes.

37: Ala 20 – Formicida com guaraná
Em 10 de março de 1958, Assis Valente tentou suicídio mais uma vez, desesperado com a sua situação financeira, tomando formicida com guaraná.

38: Tripé 03 – Morte
Assis morreu em um banco de praça da Praia do Russel. O tripé traz um banco vazio representando a ausência do artista e uma árvore representando o guaraná, que junto com formicida o levou a morte.

39: Ala 21 – Os Novos Baianos e o Brasil Pandeiro
Em 1972, os Novos Baianos regravaram “Brasil Pandeiro” no disco de grande sucesso “Acabou Chorare”.

39: Ala 22 – Maria Bethânia e Camisa Listrada
Maria Bethânia regravou “Camisa Listrada” em 1968 no disco “Recital na Boite Barroco”.


40: Ala 23 – Elza Soares ‘não’ fez bobagem
Em “O Samba é Elza Soares”, de 1961, a cantora gravou a música “Fez bobagem” de Assis Valente.


41: Ala 24 – Baianinhas – Clara Nunes, o vento e a rosa
“O vento passou pela rosa/ Chamou a rosa: meu bem/ Mas o destino do vento é correr, é viver/ Sem gostar de ninguém”. Em 1969, Clara gravou a triste marcha-rancho “O vento e a rosa” no álbum a “Beleza que canta”.

42: Ala 25 – Ney Matogrosso e Maria Boa
No CD “Batuque” de 2001, Ney Matogrosso regravou o sucesso “Maria Boa” de Assis em uma versão despojada. A fantasia remete ao figurino usado pelo cantor e ao cenário do show “Batuque”.


43: Carro 5 – O valor de Assis Valente
Com o fim do desfile, o dia amanhece, o sob a luz do Sol, a alegria volta a tomar Assis Valente. Homenageado pela sua “gente bronzeada” e pelos grandes cantores da música, brasileira, na rua decorada pelo sol, o artista se sente glorificado. As decorações de rua dos antigos carnavais voltam nessa alegoria para representar o Sol e o renascimento de Assis Valente.
Destaque – Eduardo Gonçalves: O astro rei da folia
Composições: Baianas em um amanhecer de carnaval
Carro alegórico dedicado ao carnavalesco Eduardo Gonçalves